Às vezes parece-me que dentro de ti existe uma criança tão rebelde que não consegues calar. Quero confiar em ti e acreditar que vais ser responsável mas não consigo mais. Estou farta! Ontem fizeste-me beber quase meia garrafa de vinho para esquecer a tua irreflectida atitude. Aliás, a tua estúpida atitude! A sério, estiveste a lanchar com um amigo que é bombeiro, a comer uns petiscos do mesmo prato e a beber uns copos de vinho branco e depois foste jantar a casa da tua mãe, mãe essa que tem oitenta e tal anos de idade? Estás completamente insano! Mata quem tu quiseres, a mim não vais matar. Não vou mais me chatear contigo por este motivo. Deixei de confiar em ti e, só por si já me vai matando aos poucos...
sexta-feira, 27 de março de 2020
segunda-feira, 23 de março de 2020
Hoje ficaste em casa...
Hoje estás frágil, não queres falar com ninguém. Atendeste-me o telefone para dizeres que não estás bem. Quis explicar-te há uns dias o que estava a acontecer comigo mas não entendeste, chamaste de paranóia ao meu excesso de zelo no entanto, eu só queria cuidar! És um reflexo do povo português que insiste na loucura de sair todo o dia desnecessariamente, que acredita naqueles números diários que pouco dizem para os poucos testes que se fazem. Testar, testar, testar... Hoje aterraste e os quase 30% de crescimento bateram forte. Hoje já não quiseste ir beber café à pastelaria...Ficaste em casa! Sei que estás a enlouquecer pelo fim do mês nebuloso e sombrio. É triste mas temos de ficar em casa...
quinta-feira, 19 de março de 2020
Dia do Pai e eu sem ti!
Os pensamentos pulsam no meu cérebro, abano a cabeça para os fazer parar mas não resulta. Pessoas que amo à distância de milhões de quilómetros criam tensão no meu pescoço do lado direito. Quando os verei? Será que estão mesmo bem? Eu bem que tentei boicotar a viagem mas a resposta do meu pai foi « Já vivi coisas piores...». Claro que viveu! Queria referir-se ao Ultramar em Angola. Mas como podemos comparar acontecimentos quando um deles é tão desconhecido? Resta-me apoiá-los nesta decisão tão inconsequente até porque hoje é o dia do pai. A água corre bem quente sobre a loiça a lavar e de repente solto um gemido. Acordo deste emaranhar de pensamentos com o escaldar da água...Vamos ficar bem!
quarta-feira, 18 de março de 2020
Já chega!
Chega de ficar sentada com os joelhos juntos ao peito em volta com os braços. As minhas células cinzentas não param. Ainda há pouco a minha agenda estava completamente entupida de compromissos sociais. Mal teria tempo para respirar... De um dia para o outro ficaram cancelados os compromissos sociais e culturais, visitas de estudo lá na escola e por fim, as atividades letivas presenciais, minhas e dos garotos.
O que tenho escutado nas notícias, desde então, tem me matado mas, chega a hora de reagir e chegou por fim esse dia! A minha casa virou um local de trabalho com três gabinetes. Neste momento estou no meu. Ainda sinto o perfume do champoo na ponta dos meus cabelos que pego e levo ao nariz. Como costumo dizer, temos de estar bonitas até para corrigir testes. Sinto-me bem e o frango com limão já foi ao forno, humm já cheira bem. Estou pronta para responder aos meus pupilos e incrivelmente toda esta situação me amaciou um pouco. Como se tivesse sido lavada com soflan. Na verdade não andava muito confortável a conviver com tantas pessoas por dia dadas as circunstâncias. Só me vinha à cabeça aquele problema dos apertos de mão, ui...!
Fico um pouco alterada por algumas pessoas me acharem paranóica devido ao meu excesso de zelo. Já eu, fico furiosa com grupos de turistas de outros países a desrespeitarem as orientações da d.g.s., pessoas a continuarem frequentar cafés e restaurantes... Com tantos sacrifícios que certamente já todos fizemos o que custa preservarmos a nossa saúde e a daqueles que mais amamos? Li um artigo muito interessante. Se queres saber se estás a agir corretamente, pergunta-te se a consequência dessa atitude é negativa ou positiva.
Vou aproveitar para ler um pouco de um livro que tanto desejei poder acabar e chutei sempre para canto: «No Tempo das Fogueiras» de Jeanne Kalogridis. Um título um pouco apocalíptico tal como o que poderemos vivenciar se não respeitarmos as orientações.
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